quarta-feira, 17 de junho de 2009

Caminhando a cantando

Se você já canta mais alto que a música, significa que pode cantá-la em qualquer lugar sem precisar que ela esteja tocando.
Assim deveria ser o aprendizado: para a vida, para ser efetuado com gosto, pra ser útil. Qualquer tipo de aprendizado, do que é repetido do que se aprendeu até mesmo o aprendizado do espontâneo (no sentido Moreniano), da resposta nova, experimentar novos sons, novos arranjos, na mesma música.
Mas muitas vezes, por cantar mais alto deixamos de ouvir a essência. É preciso saber também se calar e ouvir o que parece conhecido, re- descobrir o encanto primeiro, descobrir novos encantos e neste instante nos re- conhecer, saber o que esta música desta vez toca em nossa história em curso. Re- conhecer e conhecer antigos sons, antigas imagens, antigos papéis, antigos amigos e novamente cantar.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Entre o id, o ego e o super ego

É Terça-feira e o trânsito está parado às 8hs da manhã. Aconteceu um acidente. No princípio do dia e do engarrafamento encontraram-se catastroficamente um carro, uma moto e um pedestre. Muitos estão às voltas comentando sobre o estado das possíveis vítimas e responsáveis, conjecturam qual é o papel de cada um e as possíveis situações para o acontecimento.
Temos então uma situação perfeita para entendermos o id, ego, e super ego e suas manifestações como passagem ao ato, pulsão de vida e de morte e alter ego. Devo me ater à explicação do ponto de vista do pedestre, pois além de eu ser uma, por não Ter carro nem moto, é o papel que tenho maior proximidade sobre os pontos de vista da situação e por ainda serem os pedestres maioria (merecia exclamações aqui).
Vejamos: alguém, sabe se lá quem, está no centro de Belo Horizonte ou uma outra grande cidade qualquer que tenha um trânsito um tanto quanto caótico. Está ligeiramente atrasado, assim como um certo motorista e um motociclista. O pedestre protagonista do exemplo, então, aproxima-se de uma avenida que precisa atravessar e que tem o semáforo na iminência de ficar verde para os motoristas. Percebe isso pois vê o sinal para os pedestres piscar em cores vermelhas. Se este sujeito, neste momento em que id, ego e super ego medem suas forças, padecer ao id, ele sairá correndo na frente dos carros. Caso o Ego seja o grande vencedor, ele irá esperar um pouco para o movimento diminuir, perceberá que não vem mais nenhum carro e irá atravessar. Se o super ego dominar os outros dois, ele ficará parado, esperando que o sinal abra novamente para ele. Fácil entendimento da estrutura de personalidade segundo Freud, não? Bom, partindo para outros elementos, temos a passagem ao ato quando o sujeito se joga na avenida sem nem mesmo olhar para os lados, a pulsão de morte quando ele olha para os lados, vê o movimento próximo dos carros e mesmo assim se lança rumo ao outro lado, a pulsão de vida juntamente com o desejo de ficar onde está, dando aquele passinho para trás quando vê os carros. E o alter ego? Bom, esta é até uma situação engraçada de ver: nosso protagonista fica de olho nas outras pessoas que esperam para atravessar, segue- se um instante de expectativa: quando ele vê que a maioria começa a travessia, ele estrategicamente se posiciona atrás dos mesmos como quem pensa “se atropelarem, pegam eles primeiro!” ou “um motorista não atropelaria tanta gente ao mesmo tempo, vai Ter que parar!” e vai com os outros.
Bom, todas essas estruturas não existem por si só. Foram moldando-se e acrescentando elementos de acordo com as regras sociais que aprendemos. Teóricamente, as leis regem o super ego, o ego faz a mediação entre o primeiro e o id que é puro instinto. O problema é que as nossas leis ditadas pelo Estado, que deveriam ser efetivas, deixam brechas, são burladas, não se aplicam à todos, e então nossas estruturas psíquicas não estão um pouco perdidas com essa relatividade da justiça. Será que Freud um dia pensou que o super ego podia dar um jeitinho na lei? Ou melhor, que a lei seria dar um jeitinho? O ego está meio perdido e a solução melhor que encontra então é ser egoísta, cada ego defendendo seu indivíduo.
Por fim, pode ficar a vontade e conjecturar as diversas permutações de situações que puderam levar ao acidente, entre o motorista, o motociclista e o pedestre e dar um veredicto sobre o responsável ou responsáveis pelo ato. Analisar e responsabilizar-se também quando estiver em um desses papéis no trânsito diário ou em qualquer tomada de decisão na vida: se arrisca-se lançando-se, se analisa o momento certo, se espera por tal momento. Para mim, a maior dúvida ainda é: o que fazem aquelas pessoas que param seus trajetos, engarrafam o trânsito, para ver o acidente? Por que fazem isso? Se alguém souber a resposta, por favor, aguardo!