terça-feira, 26 de maio de 2009

Confusão...


E se de repente, ao abrir os olhos pela manhã, ainda embriagada pelo sono, apenas sentisse o mundo, o toque do mundo, o som do mundo, o cheiro do mundo...? Será que o mundo me traria um sentimento de solidão ou conseguiria me preencher somente dele? Será que conseguiria escrever sem pensar no espaçamento duplo? Será em que eu iria pensar pra dar de comer pro meu cachorro? Será que não me sentiria mais confusa? Será que pensaria em como seria o mundo dominado por outro mundo, pelo mundo dos homens? Será que iria acordar com vontade desse mundo, de sentir-me hiper- estimulada por sons, imagens e odores? Sentir as pessoas...será que em meu devaneio eu posso colocar pessoas no outro mundo, naquele primeiro? Humm...teria que abrir mão de muitas coisas...nossa! teria que abrir mão de tudo do outro mundo! Aiaiai...quem inventou isso tudo deve Ter pensado e chegado à conclusão de que o segundo mundo é melhor...e não teve direito a mudar de idéia...huumm...pensando melhor, nem eu tenho direito de mudar de idéia. È melhor levantar logo e ir trabalhar....

sábado, 23 de maio de 2009

Um conto de fadas

Quando ainda bem pequenas, ouvimos nossas dedicadas mães, sentadas à beira de nossa cama, contarem histórias de princesas, sapos, príncipes, bruxas e final feliz. São inúmero contos: Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel, Bela Adormecida, entre outros tantos roteiros. Assim, construímos em nós, mulheres, história por história, uma imagem de relacionamento e de parceiro que, em um futuro, garantirá nada mais, nada menos do que o eterno adiamento do tão esperado “final feliz”. Crescemos acreditando no mito do príncipe encantado, que os problemas das relações são causados por bruxas, nos esforçando para sermos princesas, principalmente, acreditando que só seremos felizes no fim! Passamos a vida nossa esforçando para sermos sempre melhores, mais bonitas, mais independentes – e não há problema nenhum nisso, à não ser quando começa a ser um problema - e sempre na espera pelo encontro com um príncipe encantado que vá nos recompensar por todo esse esforço. Algumas mulheres nunca irão encontrar o tão sonhado príncipe, pois tamanha é a criação desse homem e as expectativas sobre ele, que este só pode mesmo existir em contos de fada. Vivem começando e terminando relacionamentos, queixando-se, afinal, homem nenhum irá suprir tamanha expectativa. Outras desistem de tentar ser princesas, diminuem o grau de exigência consigo e com o outro e encontram, sim, não um príncipe, mas alguém com quem podem compartilhar uma vida. Primeira etapa da história vencida: o parceiro já foi encontrado! Mas aí chegam as bruxas! Malditas bruxas que sempre rodeiam os relacionamentos. Elas são o próximo obstáculo para o tão sonhado final feliz! Porém, o que não nos damos conta, é que muitas vezes a bruxa existe dentro de nós na forma de insegurança, ciúmes, impaciência... E desta forma a vida vai sendo levada, a relação desgastada ...e o esperado final? Este, na verdade, não existe. O fim, aliás, pode acontecer em qualquer momento da sua vida, naquele mais inesperado, sem dar tempo da felicidade acontecer somente com o virar das páginas da vida. Vivemos na esperança de uma felicidade que acontece somente no fim, convivendo durante toda história com bruxas internas. Já que o fim pode chegar a qualquer momento, as bruxas irão sempre existir, os príncipes são impossíveis de encontrar e ser princesa, muito difícil de se tornar, o importante é nos despirmos desses papéis, criarmos nossa própria história, impedirmos as bruxas de entrarem (ou saírem) em nossas vidas - seja em qual área da vida for, amorosa, profissional, familiar – e sermos felizes hoje, pois o fim pode demorar demais pra chegar, ou chegar muito cedo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Vida de gato

Pra mim já chega com essa discriminação contra os gatos. Não, não é só pela minha paixão pelos bichanos, mas é que se formos analisar de perto essa história do melhor amigo do homem ser o cachorro, veremos o quanto de egoísmo há nessa afirmação.
Em primeiro lugar, em argumento e obviedade, é uma discriminação contra todos os outros bichinhos que se submetem (por livre e espontânea vontade, ou não) a receberem os carinhos de seus donos e que também possuem qualidades. Fazendo o paralelo que desejo, o que seria do verde se não fosse o amarelo? Ou melhor, cada animal (incluso homem) possui um adjetivo e é essa diversidade que nos abre um leque de opções.
Mas o ponto que pretendo chegar, o alvo que me atraiu às palavras vai muito além. Vai ao extremo do que essa frase pode significar numa sociedade como a nossa. Irei começar mais longe, mirando, até alcançar o que quero. O que venho constatando cotidianamente é uma falta de um certo egoísmo “saudável”. Seria, por melhor dizer, uma preocupação com a pessoa em si, com seus gostos reais, com suas vontades reais, com seus reais interesses que muitas vezes são deixados de lado para haver um ganho secundário, questionável quanto à sua verdadeira valia: o olhar do outro. Claro que cabe ressalvas ao que digo. É importante sim, às vezes, agirmos para agradar o outro, principalmente se o outro for alguém de quem gostamos. O ponto aqui é para quando se perde a noção do limite e a entrega deixa de ser uma doação para uma obrigação, e aí o chamado “outro” aproveita-se e escraviza pelo apelo ao sentimento. Claro existem também, e muitos, a contraponto dos que vou chamar de cachorros (logo entenderão) que não são egoístas, muito menos saudáveis: são os individualistas. Estes são os que se aproveitam dos cachorros e devem ser estes aqueles os primeiros a rotularem os gatos de individualistas e oportunistas. Esta é a parte em que deflagro a minha defesa dos gatinhos. O gatos incomodam muito. Eles jogam na cara de muita gente o que seria uma vida coerente aos próprios propósitos e ao mundo. Chegam como querem, quando querem e se assim o fazem, trazem consigo todo o afeto. Quando insatisfeito, vão embora. Quer brincar? Brinca. Se não quer, brinca sozinho. Me ofereceu comida, -oba!- não ofereceu, vai procurar. Não passa fome jamais! É difícil lidar com um gato! É difícil lidar com a independência do outro. Assim nos amarramos pelo afeto vida afora. E assim que o cachorro se torna o melhor amigo, aquele que ama incondicionalmente: você bate nele e ele volta abanando o rabo, deixa ele sem comer e ele te agradece quando recebe, fica feliz ao te ver e esquece a tristeza de dias de distanciamento.
Para mim, seria preciso que cada um criasse um gato quando criança. Precisamos aprender com eles a saber lidar e respeitar a distância sem se manter inerte e sem achar que é desapego, saber ficar alegre com a volta do outro e bem como encher de alegria, se fazer presente com a volta, saber dar carinho na medida certa, se respeitar, não se deixar invadir pela expectativa do outro. O gato nos joga na cara tudo que na verdade gostaríamos de ser, afinal, com todas as qualidades, por que será que ninguém quer ter uma vida de cão?

terça-feira, 12 de maio de 2009

E por falar em crise...



O alvoroço é geral! Não há quem ainda não tenha criticado ou, no mínimo questionado as decisões do Excelentíssimo Presidente, o companheiro Lula. No entanto, nunca estivemos tão próximos dele no que diz respeito ao companheirismo na crise, pois muitas vezes compartilhamos de suas atitudes. Não é por acaso que ele é nosso representante, até no sentindo mais subjetivo. Lidar com crises não é algo muito fácil, apesar de que a crise pode ser um bom sinal, sinal de mudança. Mudança que não necessariamente será para melhor, mas tudo tem seus vários lados, não é? O que importa aqui é que nem sempre agimos ativamente diante de uma crise. Nessas horas que me encanta o ser humano e sua artimanha em fazer até mesmo do ato mais ativo em movimento algum. É que a crise nunca chega sozinha. Ela chega acompanhada de medos, dos mais diversos, ansiedade, negação, em alguns casos, crises que acompanham crises, como as crises de risos (nos casos mais divertidos de extravaso de nervosismo), crise de rins, de gastrite, de amnésia, de choro, de coragem, enfim, mas o que mais se adequa ao jeitinho brasileiro é o dar um jeitinho na crise. Aí aquele famoso DR (discutir a relação) é inexplicavelmente (para a mulher) esquecido e trocado pelo futebol da TV com os amigos, ou a crise financeira esquecida na cerveja no bar da esquina, a crise na relação esquecida com a compra “daquela blusa linda em uma promoção imperdível que você não vai acreditar!”. Acredito. Acredito até que, muitas vezes, o herói tem tanto medo de como será viver sem a mocinha, que no momento de tensão, diante da crise de consciência eminente, prefere morrer como herói num ato louvável e salvar a mocinha a viver na temível solidão julgando-se eternamente por não tê-la salvo (mas talvez a morte dela, nem dele, nem fosse certeza). É, a crise nos faz Ter cada idéia. Ainda bem que também existem as saídas positivas, a mudança que nasce da crise para mexer com o que há muito andava parado e dá início ao caminhar para frente.
Bom, se o Lula está parado na crise, andando para frente ou de marcha ré, ainda não sei, talvez tenhamos essa resposta muito em breve ou talvez só com muitos anos e a futura geração possa responder. Você também pode escolher, vai pensar na crise do Lula ou vai começar a lidar com a sua?

domingo, 10 de maio de 2009

Ping pong com minha mãe


Sempre acreditei que fosse assim: nascíamos como quem chega no meio de um filme longo e complexo e cabia à alguém nos explicar o filme, os personagens, protagonistas, antagonistas, o enredo, enfim. Cabia aos pais explicar. Depois entendi que não estávamos só vendo o filme, fazíamos parte dele. Nessa construção de minha história sempre questionei sobre o que é mais importante: nascer ou dar a vida? Quantas vezes disse que "não pedi pra nascer" e imagino quantas vezes minha mãe deve ter se perguntado "por que inventei de ter a Mariana" (sem remorso. apenas admito ter sido uma adolescente difícil, porém dificilmente normal para esta fase, eu acho). Fato é que nascer é fácil, a vida que é, algumas vezes, difícil. Mas querer dar sua vida para uma outra é uma escolha altruísta. Não que todas as mães tenham pensado nisso quando "optaram" por ter um filho, nem muito menos que tenham tido essa atitude quando os tiveram, mas minha mãe teve. A MINHA. Por várias vezes desejei ter outra... Mas no fim, mesmo tentando, a mãe nunca é perfeita. E é com elas que você tem o primeiro aprendizado de amar o imperfeito, aceitar as diferenças, saber lidar com o carinho demais ou menos, o cuidado excessivo e a falta. Aprende a se virar sozinho com a falta que ela provoca, e sempre haverá falta de algo. E amar o imperfeito é o maior resultado da procura da felicidade, ao meu ver, e essa relação primeira ensina isso.
Vou lembrar sempre do momento em que entendi que não poderia ter cobrado tanto de minha mãe. Quando fiz 25 anos, naturalmente ela me ligou para me parabenizar. Lembrou –se então de quando tinha minha idade e já tinha 2 filhas, um marido, responsabilidades de quem escolheu a profissão "dona de casa" e comentou: e você ainda é uma menina. E para mim foi como tivesse dito a si mesma: ela ainda era uma menina. Ela também ainda não tinha entendido o filme direito, mas optou por acreditar que seria um filme com final feliz. Um filme com onças, vários cenários, entra e sai de personagens e com "Eu te amo" no final".

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Outono

Outono. Gosto tanto desses dias! Um friozinho aconchegante que torna nossa cama sempre convidativa. È gostoso ir dormir, e, por que não, também gostoso acordar. Até 5 minutos mais cedo! Isso, mais cedo! Para poder espreguiçar, curtir esse despertar, como não fazemos no dia-a-dia de horários corridos e relógios atrasados. Simples prazeres que me fazem tão bem.
Mas o que me desperta, interesse, são os casacos, as blusas de frio. Porquê no outonos os dias são assim: frio matutino e noturno intercalados com o calor da tarde. Ok, não é um calor absurdo, mas fica mais quente. E as pessoas saem de casa pela manhã para trabalhar, ir à faculdade, enfim, suas atividades cotidianas e vestem seu confortável agasalho. Com o passar das horas e a movimentação da terra (ou vice-versa), o dia vai pegando ritmo, o Sol vai esquentando e o que acontece com a vestimenta de muitas das pessoas? Nada! Elas não tiram o agasalho mesmo que o calor esteja incomodando. Por que? Não sei. Cada um tem seu motivo: não sabe onde deixar a blusa, não incomodou o suficiente, deixa pra lá. Sentem-se tão protegidas e aconchegantes ali que não retiram seus casacos mesmo que já não esteja tão agradável. Não fazem um movimento para se adaptarem ao momento. São tantas as formas de fazermos isso na nossa vida. É aquele emprego ruim mas que dá segurança (que o digam os “concurseiros”), a rotina que se instalou na relação e ninguém dá um passo nem pra melhorar, nem pra cair fora, no rabugice de um atendente que ficou assim com o passar dos anos de maus tratos dos clientes e por quê não arriscar até nossa situação política? Medo do novo, medo de arriscar, medo de “perder a blusa”, de se expor ao outro, à outra situação e perder essa segurança? Lembro-me de minha mãe comentar que adolescente não sente frio, sai a noite com roupas curtas e decotadas. Realmente, é característica da adolescência a coragem, o enfrentamento, o “se jogar”. Com os anos e o “amadurecimento, vamos nos vestindo cada vez mais, moldando às exigências da vida e esquecemos que podemos tirar a blusa de vez em quando e usá-la quando precisarmos novamente, que a encontraremos ou buscaremos por ela quando necessário, que podemos amarrar na cintura ou jogá-la sobre os ombros, como nos sentirmos mais confortáveis e de acordo com o estilo pessoal. Mas às vezes é melhor pagar o preço do que tirá-la...Cada um sabe o quanto suporta de calor (ou, em uma analogia, onde o calo aperta) até decidir tirar a blusa, ou não. É uma questão de tempo.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Botões


Cabe ainda dizer algo sobre as pessoas que integram nossas vidas? È tanta gente entrando, saindo, só aparecendo para dizer um "oi". Não! Não quero que esse seja mais um discurso cansativo daqueles que recebemos por e-mail, bem no estilo "corrente" que exigem uma resposta e que servem apenas para alimentar nosso insaciável narcisismo. Nada de pieguice. Não é um texto para as pessoas que nunca sentiram uma separação refletirem e se sentirem mal ou aquelas que sofreram sofrerem mais um pouco. É sobre exatamente do que não nos damos conta. Nada de saudade. Para os mais descrentes, saudades nem cabe mais no vocabulário atual (talvez tirando a "saudade" do nosso vocabulário teremos uma chance de nos aproximarmos de alguma forma dos países de primeiro mundo pela via do dicionário), logo, querendo agradar a estes, descartarei este singelo sentimento para compartilhar da noção de indiferença dos mesmos. Botões. Sabe aquela camisa legal que você escolheu a dedo pra ir pra balada que estava bombando, curtiu, suou, chegou em casa e só deu tempo de tirá-la e cair na cama e que só quando se arrumando para outra farra (que provavelmente não foi no fim de semana seguinte porquê repetir roupa não dá, né?) se deu conta de que faltava um botão. Não dá pra sair com a blusa faltando um botão! A blusa é nova, mas quem vai acreditar nisso se falta um botão? E não dá para substituir, não tem botão igual. Como vou "conversar com meus botões" se ele não estará lá? Para customizar não levo o menor jeito. É assim que vejo as relações hoje. Você convida seus "amigos" para ir para aquela festa, se você for o "tal" da turma, se não, você será o convidado. Dançam, curtem, voltam para casa juntos. Por algum motivo, um dia, você se dá conta de que ele, um de seus amigos, já não está mais lá. Por algum motivo ele já não está lá, o que importa? Você já não tem como ir para tantas festas. Quando convidado, às vezes se desloca e não tem com quem conversar. Que triste fim, não é? Não! Eis que ao fundo avista mais um sujeito sem um botão e você trata de logo aproximar-se. Em pouco tempo já estão dando boas risadas das suas blusas sem botões (que perderam naquela festa!?) e saindo para comprar blusas novas. Efemeridade. É tudo tão rápido que não dá nem para sentir saudades. Claro que não estamos falando aqui dos amigos do peito, aqueles que conseguimos contar com os dedos das mãos. O mesmo número da quantidade de botões de uma camisa. Só que quando um desses botões cai, você procura, vai atrás, perde um bom tempo da festa olhando para baixo. Quando acha, fica feliz, prega o botão com linha reforçada para não correr mais o risco. Até compra blusas novas, mas aquela, já meio desbotada e querendo rasgar em baixo do braço, você guarda e não tem coragem de jogar fora, fica no guarda-roupas, você não sabe porquê está lá, mas sabe que vai precisar dela um dia e que ela te traz ótimas lembranças. O que não pode esquecer é de cuidar mesmo quando já no guarda-roupas. Às vezes, as esquecemos lá e alguns botões caem, sua mãe alerta (as mães sempre alertam) mas a blusa já está desgastada e você não se importa em recolocá-los. O imenso guarda-roupas, para uns, um pequeno gaveteiro, para outros. Mas quem se importa? Sou apenas um botão...

domingo, 3 de maio de 2009

Crônicas em Movimento

Estava ali parada em algum lugar em mim até encostar uma moça que esperava o sinal abrir e (achando que)para si maldizia o namorado ou aquele cara que fez um comentário no ponto de ônibus... Pronto! Começou a mover-se como gota de água que pinga em panela quente. Sem conseguir conter (se), a idéia vai se concretizando e mobilizando meus dedos para que estes também entrem em movimento. Já em forma de crônica, na tela do computador, continua a mover-se. Envio-a para algumas pessoas e gera leitura, reflexão, crítica e, proponho, até ação. Proponho que com a leitura dessas crônicas possa haver diálogo, réplicas, tréplicas, mudanças de posições, perante o texto e perante a vida. Proponho colocar a vida e os papéis que atuamos durante ela, em movimento. Proponho o desafio da criação: de idéias, de metáforas, de vida, da sua própria vida.